Vai ter Olimpíada, diz comitê após rumores relacionados ao coronavírus
De Toyohashi (Japão)
A 169 dias dos Jogos de Tóquio-2020, de 24 de julho a 9 de agosto, organizadores e autoridades asseguraram a continuidade do calendário e afastaram rumores de adiamento ou cancelamento da Olimpíada na capital japonesa por conta do surto de coronavírus.
Desde janeiro, já são mais de 28 mil infectados pelo vírus 2019-nCoV em 26 países –o número de mortos está na casa dos 560. A 2.500 km de distância da cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto, 35 casos foram confirmados no território japonês até a manhã desta quinta-feira (6). Nenhuma morte.
“Tóquio 2020 continuará a colaborar com o Comitê Olímpico Internacional e organizações relevantes e vai revisar quaisquer medidas que possam ser necessárias”, declararam os organizadores, em nota à agência Associated Press. Diante do parlamento japonês na segunda-feira (2), o primeiro-ministro Shinzo Abe “jurou garantir” que o novo vírus não inviabilize a Olimpíada.
As declarações tentam tranquilizar ânimos aqui no Japão, onde viralizou a hashtag #TokyoOlympicsCancelled no Twitter, após um blog pop japonês insinuar que, se estão ocorrendo reuniões entre Comitê Olímpico Internacional e Organização Mundial da Saúde, o futuro dos jogos estaria em risco.
O diretor executivo Toshiro Muto também negou a possibilidade de transferir os Jogos a outro país, mas admitiu estar “terrivelmente preocupado” com o impacto do surto.
Até agora, diversos eventos esportivos, entre eles etapas classificatórias para a Olimpíada, foram cancelados, adiados ou alterados para sair da China. Nos últimos dias, organizadores japoneses também desmarcaram uma viagem a Pequim para discutir os próximos Jogos Olímpicos de Inverno, que devem acontecer na capital chinesa em 2022.
Não é a primeira vez que um vírus alarma a realização de um megaevento esportivo: o surto da zika lançou dúvidas, mas no fim não abalou os Jogos do Rio 2016; já o surto de Sars obrigou organizadores a mudar o mundial de futebol feminino de 2003 na última hora, deslocando os jogos da China para os Estados Unidos a três meses do início do torneio.
No domingo, a governadora Yuriko Koike prometeu diretrizes “rigorosas” para conter o novo vírus pré-Jogos de Tóquio, mas não divulgou detalhes. “Lavem as mãos e usem máscaras”, orientou Koike, na inauguração da Arena Ariake, ginásio que receberá jogos de vôlei e partidas paraolímpicas de basquete na capital japonesa.
Deste lado do mundo, o uso de máscaras cirúrgicas é comum o ano todo, independentemente da época e inclusive como acessório “fashion”. Diante da epidemia, o produto está esgotando diariamente nos mercados –e a indústria está a todo vapor para repor estoques.
Enquanto escrevia este post, num café Starbucks na cidade de Toyohashi, a cerca de 230 km de Tóquio, todos ao meu redor usavam máscara e esfregavam freneticamente as mãos com álcool gel.
“Irashaimase!”, dizia alto a simpática atendente do café, a cada vez que a porta se abria, ajeitando a máscara para cobrir o rosto quase inteiramente e passando álcool até o pulso a cada cliente atendido no balcão. A cena deve se repetir ao longo desta Olimpíada: a expressão quer dizer “bem-vindo”.