NipOlimpíada https://nipolimpiada.blogfolha.uol.com.br Tóquio-2020 e outras histórias Mon, 20 Apr 2020 05:24:41 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Isto não é um símbolo nazista https://nipolimpiada.blogfolha.uol.com.br/2020/02/20/isto-nao-e-um-simbolo-nazista/ https://nipolimpiada.blogfolha.uol.com.br/2020/02/20/isto-nao-e-um-simbolo-nazista/#respond Thu, 20 Feb 2020 08:00:43 +0000 https://nipolimpiada.blogfolha.uol.com.br/files/2020/02/2460877397_eb0a8768da_c-300x215.jpg https://nipolimpiada.blogfolha.uol.com.br/?p=31 De Toyohashi (Japão)

Aviso aos navegantes: isto não é um símbolo nazista.

“Manji” (卍) é a suástica japonesa budista, um símbolo de sorte e paz, presente em diversas cidades deste lado do mundo. É inclusive o ícone para sinalizar templos budistas nos mapas do Japão, onde há mais de 45 milhões de adeptos e 75 mil templos, santuários e outras organizações budistas.

Suástica vem do sânscrito “svtika”, que quer dizer busca de bem-estar. A cruz gamada marcou diversas culturas, dos antigos gregos aos astecas, muito antes de ser “sequestrada” pelos nazistas – um dos registros mais antigos data do século 7 a.C., uma peça de cerâmica descoberta no Oriente Médio, atualmente exposta no Museu do Louvre, na França.

Já a versão virada 45 graus à direita, a cruz negra dentro de um disco branco e um fundo vermelho, foi estilizada como emblema oficial do 3o Reich de Adolf Hitler, na década de 1930. A insígnia “Hakenkreuz” ficou tão marcada, historicamente associada às barbaridades nazistas, que hoje é proibida por lei em diversos países. No Brasil, fabricar, distribuir ou divulgar o distintivo como apologia ao nazismo é crime e pode render até cinco anos de prisão.

Enquanto a suástica nazista se tornou símbolo de ódio, a suástica budista é paz e amor. Em 2016, entretanto, autoridades japonesas fizeram uma consulta pública à sociedade sobre a possibilidade de riscar o “manji” dos mapas turísticos, substituindo-o por uma ilustração de pagode (um estilo de templo) para não provocar confusões ou ferir a sensibilidade de visitantes desavisados durante os Jogos de Tóquio-2020.

Sinalização de templos nos arredores de Tóquio (Google Maps/Reprodução)
Sinalização de templos nos arredores de Tóquio (Google Maps/Reprodução)

Na época foram mobilizadas campanhas pró-manji na internet. “É um símbolo sagrado no hinduísmo e no budismo. Está aí há milhares de anos, enquanto a ‘Hakenkreuz’ existe há menos de 100. Dar prioridade ao símbolo associado ao nazismo e à supremacia branca, ao decidir se o manji’ japonês deve ficar ou não, é absurdo e desrespeitoso”, dizia um dos abaixo-assinados digitais.

“Antes da chegada dos visitantes e das primeiras minicrises de ‘por que tem uma suástica no templo?!’ dos turistas, vamos informar. Poste artigos sobre o assunto, compartilhe petições, use esses e outros recursos para iniciar conversas. Para o bem da herança cultural do Japão e de seus visitantes, espalhe a palavra”, registrou à época a escritora canadense Helen Langford-Matsui, radicada na província de Kanagawa, no jornal Japan Times.

Após a consulta, martelou-se: a suástica budista fica. Presente em ruas, templos, monumentos, estações e cemitérios, o ícone continua a ilustrar mapas turísticos e Google Maps. Aos marinheiros de primeira viagem, portanto, não custa lembrar: isto 卍 não é um símbolo nazista.

Estátua com suástica budista em um cemitério na cidade de Toyohashi (Juliana Sayuri)
Estátua com suástica budista em um cemitério na cidade de Toyohashi (Juliana Sayuri)
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